Nasa encontra "estranhas formas de vida" na Terra
- Lago Mono no leste da Califórnia
- Escondida nas profundezas de um lago na Califórnia, a descoberta de uma bactéria capaz de alimentar-se de arsênico deixou pesquisadores da Nasa boquiabertos, o que deve ampliar a busca por formas de vida na Terra e fora dela.
- O estudo, financiado pela Nasa e divulgado nesta quinta-feira (2), redefine o que a ciência considera como elementos necessários para a vida, como carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.
- Não apenas revela que as bactérias vivem em arsênico, mas também crescem incorporando o elemento a seu DNA e membranas celulares.
- "O que é novo aqui é o arsênico sendo usado como tijolo pelo organismo", explicou Ariel Anbar, coautor do estudo que será publicado na edição online da revista Science Express.
- "Nós sempre tivemos a ideia de que a vida existe com estes seis elementos sem exceção e veja só, bem talvez haja uma exceção", afirmou.
- A descoberta foi feita por Felisa Wolfe-Simon, uma ex-cientista do grupo de pesquisas de Anbar, na Escola da Exploração da Terra e do Espaço da Universidade Estadual do Arizona.
- O vago anúncio da Nasa, feito no início da semana, durante entrevista coletiva, sobre "uma descoberta de astrobiologia que impactaria a busca por evidências de vida extraterrestre", semeou a internet de especulações.
- A astrobiologia se dedica ao estudo da vida no universo, inclusive sua origem e evolução, onde está localizada e como pode sobreviver no futuro.
- Mas Anbar reconhece que será necessário dar um grande salto para se descobrir vida extraterrestre.
- "Estamos mais no começo de tudo", afirmou. "Talvez haja outras exceções sobre as quais devamos pensar a respeito".
- "Somos muito influenciados pela vida como conhecemos. Quanto a vida pode ser diferente e ainda funcionar?", questionou.
- Alguns anos atrás, Wolfe-Simon, Anbar e o colega Paul Davies começaram a discutir a ideia de que formas diferentes de vida possam existir na Terra, mas por regras biológicas diferentes das nossas, uma noção conhecida informalmente por cientistas como "vida estranha".
- O trio de cientistas publicou em 2009 a hipótese de que o arsênico, que aparece diretamente abaixo do fósforo na tabela periódica, poderia substituir o fósforo em formas de vida terrestres.
- Wolfe-Simon saiu a campo para testar sua teoria, em colaboração com Ronald Oremland, um renomado especialista mundial em microbiologia.
- Ela recolheu sedimentos do lago Mono, conhecido por seus altos índices de sal e arsênico, no leste da Califórnia, e levou o material para o laboratório.
- GFAJ-1 da família Halomonadaceae Gamoproteobacteria
- Wolfe-Simon conseguiu fazer uma bactéria conhecida como a cepa GFAJ-1 da famíliaHalomonadaceae Gamoproteobacteria, crescer no laboratório.
- "O organism
- o vem da natureza", disse Anbar. "É uma bactéria conhecida", emendou.
- A descoberta pode abrir novos caminhos na pesquisa de doenças e possivelmente novos capítulos em livros de biologia, disseram os cientistas.
- "Às vezes você pensa que algo não vai funcionar, mas aí você procura e às vezes encontra", disse Anbar.
- "E então você percebe, 'oh, eu não entendia as coisas tão bem quanto pensava'. Isto acontece todo o tempo na ciência. É o que torna as coisas divertidas", concluiu.